Em casa com a Raiz: RECICLAGEM E COMPOSTAGEM

Reciclar significa transformar objetos usados em novos produtos para consumo.
Esta é uma prática que tem se tornado cada dia mais comum em cidades pequenas e também nas capitais.
Ao separar nosso lixo seco, podemos gerar renda através da venda dos próprios materiais (vidro, metal, papel, plástico, madeira) e também de todos os agentes envolvidos no processo de reciclagem (geração de empregos, ocupação social e voluntária). Podemos usar a criatividade para ressignificar objetos e ainda minimizar os impactos ambientais do lixo seco, que leva centenas de anos para se decompor na natureza. Papel, plástico, papelão, vidro e outros materiais do lixo seco podem ser reutilizados e reciclados.  O simples fato de juntar, separar e evitar de colocar fora, já contribui direta e indiretamente para o meio ambiente e também para a sociedade. 

E no caso do lixo não-seco, ou seja, o lixo orgânico? O que fazer?
Há diferentes tipos de compostagem, que transformam o lixo orgânico em terra ou compostos “curados” e que podem ter um novo uso, seja como adubo - alimento da terra, ou como material para bioconstrução, entre outros fins.
Através da compostagem em minhocários, por exemplo, geramos o biofetilizante e o húmus de minhoca. É gerado após 2, 3 ou 4 meses, um adubo organomineral, rico em nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, ferro, enxofre, cobre, zinco, molibdenio, manganês, magnésio, carbono, e todos os nutrientes que as plantas precisam para crescerem fortes e saudáveis.

As plantas que recebem adubação ficam mais fortes e produtivas, além de garantir sanidade e resistência à infecção de insetos e doenças de plantas.

A natureza é simplesmente perfeita.
Galhos, folhas, cascas, frutos, flores e sementes que são descartados como resíduos orgânicos são fontes riquíssimas de minerais e nutrientes para a vida do solo. Dezenas de espécies de fungos, minhocas, colêmbolos e microrganismos fazem a decomposição desta matéria orgânica, formando novo ciclo.
Após alguns meses em atividade transformam em húmus, adubo orgânico, composto para nutrir plantas e novos cultivos.

Existem várias formas de compostagem. Em sistemas abertos ou fechados. Com ou sem a presença de ar.

A embalagem do nosso substrato é pensada para você fazer a compostagem anaeróbia.
Na compostagem anaeróbia, a decomposição é realizada por micro-organismos que podem viver em ambientes sem a presença de oxigênio; ocorre em baixas temperaturas, com exalação de forte odor e leva mais tempo até que a matéria orgânica se estabilize.

Para quem tem espaço em áreas externas, há compostagem em leivas, pilhas ou canteiros.
Para quem mora em apartamento, os minhocários são super eficientes. Uma forma de destinar os resíduos da cozinha, que não têm cheiro forte, não atraem moscas ou pragas e ainda produzem o biofertilizante líquido, que pode ser diluído em água e aplicado na terra de todos os vasos ou canteiros com plantas. Há mais de um ano eu tenho minhocário em apartamento e super recomendo.

O que pode ir no minhocário?
Cascas de frutas e verduras - sem sal, sem açúcar e sem gordura
Sementes
Folhas
Flores
Galhos finos e gravetos
Cascas de ovos

O que deve ir com moderação no minhocário?
Cascas e bagaço de vegetais ácidos como limão, abacaxi, cebola.
Borra de café e erva de chimarrão.
Guardanapos de papel
Galhos grossos
Restos de leite - sem açúcar e sem sal

O que não pode ir no minhocário?
Fezes de pessoas ou animais
Carvão ou cinzas com sal - pós churrasco
Resíduos de banheiro
Carne
Sal
Açúcar
Gordura

Como funciona o minhocário?
Escolhemos um recipiente, que pode ser um galão, um balde ou até um canteiro no solo. O tamanho irá depender da quantidade de resíduos que você gera. O local não deve receber sol diretamente. Para iniciar, usamos uma porção de terra com minhocas. Passamos a oferecer as cascas e vegetais para as minhocas. A casa camada de material orgânico úmido, devemos cobrir com uma camada fina de palha, serragem ou matéria seca.

É esta camada que garante que não tenha cheiro nem moscas no seu minhocário.

Na parte de baixo do minhocário, instalamos uma torneira, para tirar o líquido, o famoso biofertilizante.

Este adubo, deve ser diluído em água para aplicação nas plantas. A cada litro de chorume, usar 10 litros de água. Concentrações mais fortes, irão queimar as raízes das plantas.

Aplique em todas as plantas e se sobrar, guarde na sombra, em ambiente arejado, para aplicar novamente em 30 dias.

Após 3 meses do minhocário cheio e fechado, o composto sólido estará completamente pronto para uso como adubo, é o famoso Húmus de Minhoca. Pode ser usado junto da terra nos seus plantios.

Todos os materiais que entram no minhocário irão contribuir com os níveis de nutrientes disponibilizados como adubo. Por exemplo, se você colocar flores no minhocário, o composto gerado terá altos níveis de fósforo, potássio e cálcio, o que é muito bom para incentivar a floração de orquídeas, suculentas, calanchoes e outras espécies de flores.

Apesar disso, precisamos falar sobre um mito: as cascas de ovos. Calma aí! Elas são fonte de cálcio, sim. Porém as minhocas não tem dentes e não comem as cascas. Por mais trituradas que estejam as cascas, elas não são digeridas pelas minhocas. É uma forma de cálcio tão estável, que só irá liberar cálcio como adubo depois de anos, na terra.

Falando nisso… Outra polêmica: colocar as cascas e borra de café direto na terra. Jamais faça isso! Sim, eu disse JAMAIS. Além de não ser adubo (porque precisa de compostagem para virar nutriente), ainda forma um microclima úmido e super favorável para a proliferação de fungos e microrganismos que podem prejudicar a sua planta ainda mais do que se você não tivesse “adubado”.

Vai por mim, eu estudei anos sobre isto e tem muita informação errada e não-técnica sobre isso na internet, nos blogs e até em programas de TV, infelizmente.

Agora que você já está cheio de informação, vamos à prática?

Vamos fazer mais pelo nosso planeta hoje!

 

Texto escrito em 02/04/2020 por Vânia Chassot Angeli, Engenheira Agrônoma CREA RS242743